O combate contra si é indispensável!
Quando falamos em combate espiritual temos a tendência de considerarmos apenas o combate contra os espíritos malignos, e negligênciarmos os outros aspectos do combate, sobretudo aquele combate que é travado dentro de nós, 24 horas por dia, e este combate é indispensável.
“Todos os males aos quais a alma está sujeita procedem dos três inimigos já mencionados:
o mundo, o diabo e a carne.” – São João da Cruz
A palavra indispensável quer dizer, aquilo que não pode ficar de fora, o que é obrigatório, vital, e necessário, em resumo o combate contra si é um conhecimento obrigatório para todos nós, sobretudo se quisermos vencer a batalha.
São João da Cruz nos ensina a respeito dos nosso três principais inimigos, falaremos de cada um deles a seguir.
O mundo: Muitas vezes pensamos erroneamente que o mundo todo é mal por si só, e que tudo que nele há é pecaminoso, porém afirmar isso seria uma heresia, porque foi Deus quem o criou, e após criá-lo contempla a sua obra perfeita, em Gênesis 1,31 o autor diz que ao terminar a criação, Deus viu que tudo era muito bom, não apenas bom mas muito bom.
Acontece que, após a queda do homem, o pecado entra no mundo por inveja do demônio, e assim inicia aquilo que chamamos de pecado original. E aquela obra perfeita criada por Deus é manchada.
O demônio tem uma habilidade de sedução muito apurada, capaz de fazer cair até mesmo os anjos como narra o livro do Apocalipse 12,4, e assim ele fez, levando Adão e Eva a queda por meio do seu poder de influência.
Então quando nós falamos deste inimigo chamado mundo, estamos falando daquilo que está a nossa volta e que é mal aos olhos de Deus. Falamos daquele ambiente de pecado que esta fora da harmonia da Palavra de Deus e que esta manchado pelo pecado original.
Exemplos:
- Deus nos chama a vida = o mundo propõe a morte, o aborto;
- Deus abençoa o matrimônio = o mundo propõe o divórcio, a traição;
- Deus nos chama a santidade = mundo nos chama a uma vida de prazeres desordenados (drogas, bebedeiras, sexo desordenado..);
- Deus nos chama a pureza, a castidade, a modéstia = o mundo nos chama a malicia e a depravação;
- Deus nos chama ao perdão = o mundo nos chama a vingança;
- Deus nos dá a sua Palavra que é viva e eficaz, que nos cura e liberta = o mundo nos oferece as suas ideologias e nos aprisiona a doutrinas de demônios.
A palavra ideologia vem de ideia, e ideias surgem apenas dos homems e não de Deus, pois Deus não tem ideias, por isso, uma das formas de ataque do demônio é influenciar o homem no campo das idéias, das ideologias.
Olhe para o mundo e perceba quantas ideologias malignas tem surgido nos últimos tempos.
Por trás desse plano maligno estão os demônios, com a sua voz sedutora, procurando uma brecha em nós para nos derrubar, a sua a inteção é nos distrair e distanciar-nos de Deus, nos atraindo para o seu território, e assim perder a nossa alma.
“O demônio é como um cão preso na coleira, Cristo o prendeu;
só morde quem dele se aproxima” – Santo Agostinho.
E assim, ele vai trabalhando as escondidas como uma serpente, agindo através das tentações, explorando os apetites da nossa carne que todos nós temos.
“Lute ferozmente contra as tentações da carne.” – São Padre Pio
No Jardim do Éden, o homem caiu e assim foi manchado porque aderiu as mentiras do demônio e desprezou a Palavra de Deus.
Sempre que nós desprezamos a Palavra de Deus, automaticamente caimos nos enganos do mundo e de satanás.
O homem foi criado santo, imaculado e na amizade com Ele, aquilo que a Santa Igreja chama de santidade original, (cf. Catecismo da Igreja Católica, 375).
O homem que se perdeu, foi resgatado por Cristo, o novo Adão, o castigo que nos salva pesou sobre Ele. Porém. agora por Ele, temos acesso a eternidade porque Cristo pagou o preço da nossa redenção.
A nós compete vivermos santamente, resistindo as tentações e combatendo os nossos inimigos para que assim retornemos a amizade plena com Deus.
São Francisco de Sales, nos ensina que existem três estágios da tentação:
- O pecado é proposto a nós – O nosso inimigo nos faz uma proposta; Ele tenta nos convencer que aquele pecado será bom para nós, e que muitas vezes somos até merecedores dele, “não reze hoje pois você está cansado”, “experimenta uma vez, não tem problema”, “todo mundo faz..”…
O inimigo trabalha na propaganda do erro, explorando as nossas vulnerabilidades, porem apresentando de uma forma atraente, ele sempre nos tenta nas nossas fraquezas pois nos ronda como leão, ele mantem a mesma estratégia do Éden. - Tenta despertar a nossa vontade, o nosso sentir, as nossas emoções, despetando em nós um desejo por algo. Por isso ele trabalha nas ideias do homem, o demônio não tendo acesso a nossa vontade, tenta nos influenciar, nos convencer a aceitar a sua proposta.
Somente Deus tem acesso a nossa vontade, e mesmo assim em sua Infinita Bondade, nos dá o livre arbitrio. - E por último, na liberdade teremos uma opção de consentir com a tentação ou fugirmos dela.
“O demônio só tem uma porta para entrar na nossa alma: a vontade.
Não há nenhuma porta secreta.” – São Padre Pio
Sendo assim, concluimos que o demônio não pode nos forçar a pecar, por mais que ele tente a escolha sempre será nossa. Enquanto ele nos tenta não existe pecado, o pecado está no momento em que aceitamos a proposta feita por ele.
Ao consentir e aceitar a tentação sou derrotado pelo inimogo, dou vitória a serpente, ao mundo, e a carne. Mas se eu resistir, fugir das ocasiões de pecado, venço e não apenas isso dou Glórias a Deus.
São Felipe Neri diz: “A batalha contra o pecado é a única batalha na qual vence aquele que foge.”
O livro O Combate Espiritual, de Lorenzo Scupoli nos dá um precioso ensino para vencermos este batalha contra nossa carne.
- Considerar o quanto somos limitados, francos e incapazes por nós mesmos, que de fato somos necessitados de Deus; (Por isso é necessário nos alimentarmos frequentemente da Palavra de Deus, da Santa Eucaristia);
- Pedir a Deus a Graça da humildade, considerando que não somos humildes ainda; (O Santo Terço/Rosário é uma arma poderosa para nos ensinar a sermos humildes);
- Cultivar o hábito de desconfiar de si mesmo, vigiar os desejos, os pensamentos, os sentimentos, devido nossa inclinação ao pecado. (Busque sempre a prática do jejum, pois ela é capaz de domar a nossa carne);
- Aprender com as nossas quedas no pecado. (sempre recorra ao sacramento da confissão, pois é através deste sacramento que os nosso pecados são perdoados).
E sobretudo é necessário que sejamos constantes na vida de oração e não apenas intensos para assim progredirmos nas virtudes vencendo os vicios da carne.
“Quem não progride volta para trás” – Santa Catarina de Sena.
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