Cativeiro espiritual, já ouviu falar ou sabe o que é?

Tempo de Leitura 5 Minutos

Cativeiro espiritual é uma das formas de combate espiritual, sim acredite, estamos inseridos em um constante combate contra as forças do mal.

“12.Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares.”

Efésios, 6

Porém, existem combates que travamos onde muitas vezes não conseguimos vencer facilmente, e frequentemente caímos no mesmo pecado, entrando muitas vezes em uma espécie de ciclo vicioso. De forma que o pecado se torna um hábito, “um vicio” em nossas vidas.

Isso pode indicar uma situação de cativeiro espiritual, você reza, se confessa mas logo cai novamente naquele pecado, naquele pensamento obsessivo, aquele sentimento negativo sempre o acompanha trazendo um desgaste e desânimo muito grande, pois nos achamos impotentes.

Infelizmente, alguns desistem de lutar contra suas fraqueza, e se acostumando com o pecado ficando assim mais vulneráveis aos ataques do maligno.

“19.Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero. 20.Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita.”

Romanos, 7.

Formas de cativeiro espiritual

Basicamente existem três formas de cativeiro espiritual:

  1. Emoções negativas;
  2. Padrões de pensamento repetitivos e obsessivos;
  3. Comportamental.

É verdade que todos nós em algum momento na vida passaremos por emoções negativas, pois isso faz parte da vida humana. Porem, quando elas se tornam constantes e fora do controle, afetando a nossa vida e convívio com os outros é porque cativos nesta área.

Emoções como: sentimentos de culpa, ciúme obsessivo, um medo fora do comum, desespero, ressentimento, raiva profunda que muitas vezes transbordam para a ira ou ódio (talvez esta raiva, esteja relacionada á alguma pessoa ou situação especial).

Quantas vezes após um impulso, agimos de forma descontrolada e depois somos visitados por um sentimento de culpa e o questionamento: -Porque fiz isso?”

Os padrões de pensamento repetitivos e obsessivos infelizmente são muito comuns em nossos dias, pois vivemos em um mundo ansioso que nos faz cada vez mais infelizes pois nunca estamos satisfeitos com o que temos.

Quantos irmãos que são constantemente visitados por um pensamento de morte, sentimentos de desistência, vontade de largar tudo e todos, complexos de inferioridade?

Infelizmente muitos…

E isto pode estar ligado há alguma situação vivida ou frase que ouvimos durante a vida, sobretudo durante a infância. E isso acaba se tornando um tipo de palavra de maldição sobre nós que nos trava e nos faz infelizes nos impedindo de prosseguir.

Não deixe de ler: Cura Interior, o toque de Deus na alma

Outra forma de cativeiro espiritual é o comportamental, por exemplo: pessoas que tem um impulso irresistível de buscar o isolamento quando passam por situações difíceis, e assim tendem a se afastar de Deus e das pessoas, tal atitude acaba abrindo brechas para outras situações, porque ao se isolar os pensamentos obsessivos podem surgir acompanhado de emoções negativas.

Por isso, não se isole, peça ajuda!

Os pecados repetitivos e as tentações compulsivas como pornografia, jogos, drogas, mentira, também estão ligados ao tipo de cativeiro comportamental.

Em resumo os vícios estão ligados a vontade e o comportamento humano, e o inimigo é capaz de se disfarçar neste meio e nos fazer cativos quando consentimos com as propostas feitas por ele.

Também devemos considerar a dependência emocional que muitos trazem devido carências emocionais, pois também é uma forma de aprisionamento.

Em muitos casos, o cativeiro vem em blocos – por exemplo, ciúme, inveja, suspeita e medo podem abrir a porta uns aos outros e se retroalimentar.

Livro: Ministério de Libertação – ICCRS

Não seja escravo dos seus impulsos…

Os Padres do Deserto nos ensinam que quando uma pessoa cede a tentação, dando consentimento aquilo que o inimigo propõe, inicia-se ali um processo de “escravidão” ou ao “cativeiro” da alma.

É importante sempre lembrarmos que o demônio possui duas formas de ação, a ordinária onde todos nós sem exceção passamos diariamente através das tentações e a forma extraordinária que é a possessão demoníaca.

Leia também: Possessão diabólica, quais as causas?

“Ao exercitar seu discernimento, os Padres estabelecem uma distinção entre atração, ligação, consentimento, cativeiro, luta e o que se chama paixão da alma […] O cativeiro é uma abdução forçada e involuntária do coração, ou um apego permanente ao objeto em questão que destrói a boa ordem de nossa alma […] Eles definem a paixão no sentido apropriado como aquela que se esconde inquietantemente na alma por um longo período, e através de sua intimidade com a alma, leva-a finalmente ao que equivale a um hábito, até que esta, por vontade própria, apegue-se a isso com afeição.”

São João Clímaco, A Escada do Céu, Passo 15.74.

Não brinque com a tentação pois o inimigo tentará todas as formas para seduzi-lo(a) e te fazer cair, pois explorará as áreas que talvez já tenha “conquistado”. Utilize a inteligência e fuja das situações de pecado, fuja quando as tentações vierem, ser corajoso e enfrentá-la não será uma opção inteligente.

Descobrir a raiz desta situação de cativeiro é muito importante para o processo de libertação, pois muitas vezes pode estar relacionada há um trauma vivido.

Infelizmente, muitas vezes não damos importância para esses sinais, pois achamos desculpas e explicações em nosso temperamento, humor ou situações vividas.

E assim nos escondemos e deixamos brechas abertas para o demônio agir em nossas vidas e em nossas relações. Assim os anos passam e ao invés de crescermos espiritualmente regredimos.

O demônio se utilizará sempre dessas “brechas” para nos atacar, é como se tivéssemos uma chaga aberta, um “elo fraco” que joga contra nós, porem uma brecha por si só não é suficiente para gerar um cativeiro espiritual, porque para isso o demônio precisará do nosso consentimento e que tal prática se torne um hábito ou vicio.

Não descuide de você…

Para vencermos a Santa Igreja nos deixa um grande arsenal, os sacramentos, sobretudo a confissão e a Eucaristia, ao passo que a confissão liberta a alma das garras do maligno. Já a Eucaristia nos alimenta e fortalece-nos, pois é Cristo mesmo que vem em nosso socorro para nos alimentar, libertar e curar.

O Jejum também é uma grande arma no combate, bem como o Santo Terço, os salmos as ladainhas e as novenas.

Jejum e oração são as melhores armas que podemos levar as trincheiras. Cristo, por sua vez, ajuda-nos se nos vê dispostos a fazermos a nossa parte.

Livro: O Sinal do Exorcista, Padre Gabriele Amorth.

Confirmando isso, Jesus responde aos discípulos quando lhe perguntaram como fariam para vencer o demônio:

“19.Então, os discípulos lhe perguntaram em particular: “Por que não pudemos nós expulsar esse demônio?”. 20.Jesus respondeu-lhes: “Por causa de vossa falta de fé. Em verdade vos digo: se tiverdes fé, como um grão de mostarda, direis a esta montanha: Transporta-te daqui para lá, e ela irá; e nada vos será impossível. 21.Quanto a esta espécie de demônio, só se pode expulsar à força de oração e de jejum”.”

São Mateus, 17

Pode parecer redundante sempre falar sobre essas práticas espirituais mas infelizmente nós não damos tanta importância a elas.

No fundo, não é preciso muito, bastam estas orações para não temermos, para estarmos ancorados em Cristo, a Ele unidos: que melhor maneira existe para nos protegermos das insidias de Satanás?

Padre Gabriele Amorth

Um bom diretor espiritual ou confessor saberá aplicar os santos remédios em cada ferida. Também o ministério de cura e libertação poderá auxiliar neste processo, pois muitas vezes ficamos enfermos espiritualmente e somente Deus poderá nos curar, e a oração dos irmãos será muito eficaz.

Por isso não negligencie a sua cura e libertação pessoal, pois Deus te quer são, te quer santo, então, renuncie ao demônio e ao pecado e se abra a cura e libertação que vem de Cristo Jesus.

Que Deus abençoe a sua vida pelas Mãos da Imaculada Virgem Maria!


Créditos da imagem: Vintage foto criado por kjpargeter – br.freepik.com