Família Martin, santos que geraram santas.

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Santa Terezinha escreve em sua biografia: História de uma Alma a respeito de seus pais: 

“Deus me deu pais mais dignos do Céu do que da Terra”. 

Esta era a referência que Terezinha tinha de seus pais, Luiz e Zélia Martin, que foram canonizados no dia 18 de outubro de 2015 pelo Papa Francisco, um casal verdadeiramente católico, que viveram a sua fé na obediência a Deus, nos grandes e pequenos detalhes foram fiéis, viveram um matrimônio santo.

O matrimônio assim como as demais vocações. quando vividos na vontade de Deus servem para a nossa santificação pessoal, vivendo os desafios do dia-a-dia, nas dificuldades e alegrias, nas tempestades, nos desafios, mas sobretudo, no matrimônio Deus chama o casal a santidade, chama os dois para que um ajude o outro nesse processo.

Verdadeiramente o lar cristão é o local privilegiado para a manifestação de Deus, a igreja doméstica.

Deus ama as famílias, e nos constituiu família com Ele. Ele é o nosso Pai!

Todos nós temos uma origem familiar, da união de um homem e uma mulher, e esta união foi predita por Deus nas Sagradas Escrituras.

Deus nos insere em sua família, Ele é nosso Pai! 

Deus Pai inicia a criação através de um matrimônio, onde Ele foi o Sacerdote que abençoou aquela união entre Adão e Eva. Porem desde o inicio da criação a família foi alvo da fúria diabólica.

A Irmã Lúcia, vidente de Fátima diz: “O enfrentamento final entre Deus e Satanás será sobre a família e a vida. E isto esta muito claro nos nossos dias.

Ao longo da história Deus fez alianças de amor com seu povo. Lembra da ordem que Ele deu a Nóe?

“Entra na arca, tu e toda a tua família  porque reconheci justo diante dos meus olhos entre os de tua geração”. 

Genesis 7,1 

Abrão Deus muda o nome para Abraão, que quer dizer: “Pai de uma multidão: (Genesis 17,4 ss)” .

E assim, Deus vai fazendo alianças com o seu povo através das famílias, e levantando os seus profetas.

Já na plenitude dos tempos, Deus mesmo escolhe nascer através de uma família, de uma Virgem Imaculada e escolhida por Deus para ser a Mãe do Salvador, foi Deus mesmo que á escolheu.

Jesus nasce no seio de uma família, a Sagrada Família da Nazaré, realiza o seu primeiro milagre em uma festa de casamento, as Bodas de Caná, aos pés da Cruz nos dá Maria Santíssima como Mãe, o livro do Apocalipse fecha com o matrimônio entre a Noiva que é a Igreja e o Noivo que é Cristo, as núpcias do Cordeiro (Apocalipse 19, 7-8).

Isso só pode indicar uma coisa… Deus quer nos faze família.

Viver a vocação em sua essência é uma urgência, por isso o mundo tenta de todas as formas destruir as famílias, pois ela é um celeiro de vocações.

A família Martin.

São Luiz e Santa Zélia tiveram 9 filhos, dentre essas 7 meninas e 2 meninos, em comum acordo viveram os 10 primeiros meses do casamento como irmãos, sem relações intimas, e foi um confessor que os fez mudar de ideia. 

“Durante 15 anos eles viveram entre nascimentos e perdas…” 

Dos 9 filhos, 4 foram recolhidos por Deus, 2 meninos e 2 meninas, entre elas uma menina de 5 anos chamada Helena. 

Embora eles vivessem uma vida de santidade e intimidade com Deus, isso não os imunizou dos sofrimentos desta terra, das perdas, das lágrimas, mas isso não os impediu de darem passos rumo ao céu.

Assim como eu e você, a saudade batia forte no coração deles, Zélia escreve referindo-se a Helena.

“Não passa um minuto do dia sem que me venha a lembrança dela…” 

Em suas orações ela pedia a Deus que lhe desse mais alguns anos de vida para cuidar de seus filhos, tinham preocupações com seus filhos, assim como eu e você, mas em tudo confiavam nas Mãos de Deus.

A senhora Martin costumava dizer frequentemente que Deus é o mestre e faz o que quer, enquanto o senhor Martin dizia: Deus é o primeiro a ser servido. 

Ah se nós entendêssemos isso, seriamos poupados de tantos sofrimentos desnecessários não é mesmo?

Família é lugar da manifestação do Céu,

Luiz e Zélia antes de se conhecerem queriam ser religiosos porem os dois foram recusados. Luiz aos 22 anos tentou entrar no mosteiro de São Bernardo, mas por não saber latim foi recusado enquanto Zélia também foi recusada entre as freiras da Congregação das Filhas da Caridade de São Vicente de Paula. 

Deus tinha outros planos para eles, pois para cada um Deus tem um caminho, uma via própria. Ele vê além, e sempre tem um plano muito melhor e mais santo do que aquele que nós traçamos.

Luiz era relojoeiro e Zélia rendeira, ambos levavam uma vida espiritual intensa, Missa diária, oração pessoal e comunitária, confissão frequente e participação nas atividades paroquiais. 

E mais tarde eles passaram esse ensinamento as meninas: Paulina, Maria, Leônia, Celina e Teresa. 

Ambos trabalhavam fora, mas com a assistência de Deus encontravam tempo para educar as meninas na fé e no amor, Terezinha narra que: 

“Com uma natureza como a minha, se tivesse sido educada por pais sem virtudes, ter-me-ia tornado bem má, talvez me perdendo.”. 

(…)

Aos 45 anos de idade Zélia descobre um tumor no seio, e a sua oração nos constrange:

“Se Deus quiser me curar, ficarei muito contente porque, no fundo do meu coração desejo viver; o que me custa é deixar o meu marido e minhas filhas. Mas por outro lado, digo a mim mesma: se eu não me curar, é porque talvez, seja mais útil que eu parta”. 

Somente um coração que verdadeiramente crê pode orar assim…

Após a morte de Zélia, Luiz deixa Alençon e vai para Lisieux, pois assim as meninas poderiam estar mais próximas dos tios e primos maternos.

Ele como chefe da casa dá autoridade às filhas mais velhas, para cuidarem das coisas da casa e ensinar as mais novas.

De fato, Luiz abraça a missão de cuidar das meninas e continuar educando-as para o céu.

Aos domingos, na Missa, “quando o pregador falava de Santa Teresa, papai inclinava-se para mim, dizendo baixinho: ‘Escuta, minha rainhazinha, ele fala de tua santa padroeira´. Eu escutava, com efeito, mas olhava mais vezes para papai que para o pregador. Sua bela fisionomia dizia-me tantas coisas! Por vezes, seus olhos se enchiam de lágrimas, as quais ele em vão se esforçava por reter; não parecia mais ser da terra, de tal modo sua alma gostava de mergulhar nas verdades eternas” 

Eram de fato uma família que viviam a radicalidade do evangelho, não eram perfeitos, mas buscavam agradar a Deus e viver um para o outro, ensinando a suportar os defeitos uns dos outros. Foram eles que ensinaram a doutora da Igreja, Santa Terezinha do Menino Jesus, e mais tarde narra em sua biografia:

a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos alheios, em não se surpreender com suas fraquezas.” 

(…)

Papa Francisco escreveu na Exortação Apostólica, Gaudete et Exsultate: 

“Se nos ocupamos demasiado de nós mesmos, não teremos tempo para os outros” 

O Senhor recolheu Santa Zélia quanto Terezinha tinha apenas 4 anos e meio, e com 54 anos São Luiz ficou com as 5 meninas, eles se mudaram para Lisieux, e a tia Celina o ajudou na missão de cuidar das meninas. 

Quando Terezinha fala de seu pai diz que “bastava olhá-lo para saber como rezam os santos…”, e aqui fica uma pergunta para nós, como é que nossos filhos tem olhado para nós? Qual é o testemunho que temos dado? 

Anos depois todas as meninas se tornaram religiosas, quatro no Carmelo e uma na Visitação. 

“Quando penso em ti, penso naturalmente em Deus”. 

Era assim que Terezinha já no Carmelo referia-se a seu pai. A imagem de um pai amoroso e misericordioso que na infância a todas as tardes a levava para um passeio, visitar o Santíssimo Sacramento estava gravado em sua mente e coração.

Alguns anos depois Luís foi atingido por uma enfermidade que o tornou inválido e que o levou à perda das faculdades mentais, e por isso foi internado no sanatório de Caen. 

Luiz morreu em Julho de 1894.

“”Se, como creio, meu Pai e minha Mãe estão no Céu…”

Que esta linda e verdadeira história nos inspire a vivermos também a santidade, eles geraram Santa Terezinha que é doutora da Igreja e já existe um processo de beatificação aberto para Leônia Martin, cujo nome religioso é Irmã Francisca Teresa.

São Luiz e Santa Zélia Martin Rogai por Nós!

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