O caso de possessão que surpreendeu Padre Amorth

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Este é o testemunho de Ângelo Battisti, narrado pelo Padre Gabriele Amorth extraído do livro O Sinal do Exorcista, Editora: Ecclesiae.

Ângelo Battisti foi funcionário durante muitos anos do Vaticano, e foi amigo pessoal de São Padre Pio, seu grande amigo e confidente.

Por alguma razão desconhecida no último dia de trabalho, quando estava as vésperas de sua aposentadoria, Ângelo ficou estranho, e começou a agir de forma fora do comum, ao ponto de sua esposa Dora não reconhecê-lo.

Ângelo agora já aposentado, permanece o dia todo em sua casa, sempre calado, não conversa mais com sua esposa, Os médicos examinam-o mas não encontram nenhuma enfermidade aparente.

Doutor, é Dora, a mulher de Ângelo Battisti. Creio que seja conveniente o senhor vir aqui em casa ver o meu marido.

– Olá senhora, que acontece?

É difícil de explicar. Meu marido não fala mais.

Não fala? Em que sentido? Está agindo estranho?

Sim. Muito estranho.

Há quanto tempo não fala?

Três meses.

Como?

Três meses, sim. Há três meses que está em silêncio. Desde o exato dia em que se aposentou.

Talvez eu deva ir logo ai – responde o médico, desligando o telefone.

O nome do médico era Guglielmo Fabrizi, um clinico geral de grande experiência, conhecia o casal Battisti há muito tempo.

Um detalhe importante, é que neste tempo Ângelo além de permanecer sempre calado também ficava sempre com os olhos fechados .

Os médicos se esforçam para decifrar o caso, mas os exames não obtêm muito êxito. Do ponto de vista neurológico Ângelo não tem nada. A parte fisica também está bem, as taxas sanguineas estão normais e até mesmo as análises dos médicos especialistas em psiquiatria não apontam para nada.

Porém, de tempos em tempos Ângelo dizia alguma coisa e quase sempre pedia perdão a esposa por estar fazendo ela passar por aquela situação, mas isso não durava muito pois logo voltava a se calar e voltar ao seu estado “vegetativo”.

Tudo caminha sem muitas novidades, até que um certo dia Dora cruza com um sacerdote amigo da família e por insistência dela, este vai visitar Ângelo, mas ao chegar lá, encontra-o naquela estado, após muita insistência do sacerdote com Ângelo então surge uma reação, ele abre os olhos e olha para o sacerdote, porem não é o olhar singelo de Ângelo e sim um olhar de ódio muito profundo, e diz ao sacerdote com uma voz baixa, lenta e raivosa: -Não te conheço! (Esta resposta ocorreu devido a insistência do sacerdote ao perguntar se ele o reconhecia).

Logo o sacerdote entendeu que não estava diante do Ângelo, e indica que Dora chame o Padre Cândido Amantini (O exorcista de Roma).

Caro leitor, lembra que Ângelo não falava com ninguém nem abria os olhos?

Quando Padre Cândido chega na casa junto com seu aprendiz Padre Gabriele Amorth, para surpresa de todos, quem os recebe na porta é o próprio Ângelo Battisti, e esta “normal”, gentil e atencioso, sua esposa Dora não entende o que está acontecendo pois segundos atrás seu marido estava prostrado.

Durante a visita eles conversam, rezam juntos e nada de anormal acontece, porem ao irem embora Padre Amorth percebe que o Padre Cândido está agitado e pergunta a ele o que há de errado:

– O que foi, Padre Cândido?

– É Ângelo… Ele não me convenceu.

– O que não o convenceu? Pareceu-me tranquilo particulamente loquaz, tudo normal, enfim.

É verdade, estava tranquilo. Mas não era ele.

Após esta visita, Ângelo muda o padrão, agora passa por momentos que começa a urrar e agredir a mulher com muitas palavras pesadas, e após esses surtos retorna ao seu estado “vegetativo”.

A essa altura o Padre Cândido já tem certeza que Ângelo está possuído por um espírito maligno e conclui que o caso dele é sui genesis, ou seja raríssimo.

Certo dia num momento de grande desespero, Dora tenta de todas as formas fazer com que seu marido reaja e se levante, mas sem muito sucesso, então ela insiste e persiste, até que Ângelo para e se volta para ela com um olhar amendrotador e diz:

-Dora, eu não sou Ângelo!

Passados alguns dias Padre Cândido e Padre Amorth retornam a casa dos Battisti, Padre Cândido chega a realizar o exorcismo porem Ângelo não reage como de costume os possesos fazem durante o ritual do exorcismo, de uma forma misteriosa Ângelo permanece normal, lembrando que na presença dos padres ele age 100% normal.

Padre Cândido conclui então que Ângelo é uma caso rarissimo, talvez o único onde durante o exorcismo ele fica normal mas no seu dia-á-dia fica em estado de surto.

Passaram-se alguns anos, outros padres exorcistas visitaram a casa e mesmo assim sem solução.

Um dia, Ângelo acorda se sentindo mal, e fisicamente percebe um inchaço na região do pescoço na altura da garganta, então Dora chama Padre Cândido as pressas, lá chegando, como de costume na presença do exorcista Ângelo age normalmente (fala e responde ao Padre), então Padre Cândido indica que Ângelo vá até Arezzo encontrar-se com o Monsenhor Ângelo Fantoni.

Ângelo Fantoni também era padre exorcista e tinha um dom de cura incrivel, vivia em odor de santidade, Ângelo Battisti então vai até Arezzo para encontrar-se com o santo sacerdote.

Quando chega em Monte San Savino, não fala com ninguém, permanece em um pequeno albergue, fecha-se no local por alguns dias, pede para lhe levarem o almoço e o jantar no quarto, mas come sempre muito pouco. Dentro daquelas quatro paredes não há nada para fazer.

Lembre-se que Ângelo possuia aquele inchaço no pescoço, passado alguns dias ele chega até paróquia para se encontrar com o sacerdote, porem para sua decepção o padre Ângelo Fantoni não estava, mas lje informa que ele logo chegaria, Ângelo sai e fica aguardando do lado de fora da igreja, eis que de repente, vindo na estrada ,vinha o padre caminhando, vem caminhando em direção a Ângelo sem nunca tê-lo visto.

De longe o, Padre Fantoni o vê e levanta o braço para saudá-lo, Ângelo pensa que o padre o confundiu com alguém:

Eis, caro amigo, esperava por mim? Diz o Padre Fantoni.

Bem – responde Ângelo, um pouco confuso, na verdade, sim!

Trata-se de de um grande inchaço, verdade? Vejo, vejo… mas sabe que coisa lhe digo: não é nada! Nada! Sairá em alguns dias! ( E sem mais nada a dizer, entra na igreja).

Ângelo fica transtornado e sem palavras, pois esperava algo extraordinário, porem passado pouquissimo tempo, como o padre disse, ele foi realmente curado.

A história se desenrola e muitos outros detalhes que poderão ser conferidos na integra no livro do Padre Amorth.

Mas, depois de ter voltado pra casa Ângelo ainda sofre muito, e por insistência de sua esposa Dora, ele volta ao padre Fantoni e fica em Monte San Savino por cerca de um mês.

O que faz? Quem encontra?

Parece incrível, e aqui esta a parte mais bela deste testemunho, o mês todo que Ângelo permaneceu naquela cidadezinha, não faz nada, fica trancado no quardo do albergue. Não vai ao encontro do Padre Fantoni, pelo contrário, prefere permanecer fechado no albergue o tempo todo.

Mas para ele, para Ângelo como para nenhum outro, a simples vizinhança física do Padre Fantoni, trabalhando nas ocupações de sempre na sua paróquia, faz incrivelmente bem a ele.

Bastou um mês, e Ângelo Battisti se vê completamente livre, livre de absolutamente tudo, esta liberto, então volta a ser o que era antes, já não é mais escravo de Satanás.

Já em Roma, quando chega em casa, Dora sua esposa abre a porta, Ângelo apresenta-se com um buquê de rosas vermelhas e cheio de beijos para sua esposa.

Ângelo o que aconteceu?

Nada em particular. Jamais fui encontrar o Padre Fantoni. Mas sentia dentro de mim, hora após hora que a proximidade dele fazia com que me curasse. Eu sei parece absurdo, eu mesmo custo a crer, mas foi assim. Libertou-me, sem o saber. Eu sentia os demônios, hora após hora, partiam inexoravelmente. E eu retornava todas as minhas faculdades. E agora estou aqui, para começar finalmente aquela aposentadoria que tanto tinhamos desejado viver juntos.

Dora chora emocionada e abraça o seu marido, agradece ao Padre Cândido e recomeça uma nova vida com seu esposo.

Ângelo Battisti morre algum tempo depois, de fato o Senhor o provou antes de o levâ-lo ao Paraíso, assim concluiu Padre Gabriele Amorth.

Créditos da Imagem: Padre Paulo Ricardo.Org