Purgatório, uma invenção da Igreja Católica?

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Com certeza você já ouviu falar no purgatório não é mesmo? Mas o que seria e como é este “lugar”? O que a bíblia diz a respeito? É possível ser condenado ao inferno após o purgatório?

De acordo com o Catecismo da Igreja Católica no parágrafo 1030:

Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após a sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.

Contudo, a Igreja sabiamente nos ensina que o purgatório é a purificação final dos eleitos, em outras palavras, aqueles que estão no purgatório estão num estado de purificação final a fim de contemplarem definitivamente a Glória do Senhor.

Afinal para vermos a Deus é preciso estarmos puros e santos:

“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” – São Mateus 5,8

Purgatório, sinal da Misericórdia de Deus

Acima de tudo, Deus em sua infinita Bondade e Misericórdia deseja salvar a todos , o purgatório é este “ultimo remédio” para a nossa alma.

Portanto, após uma vida de luta contra o pecado ainda carregaremos marcas dos pecados veniais em nossas almas que precisarão de purificação, uma vez que mortos a confissão não será mais possível.

As almas que estão neste estado sofrem, porem existe o consolo da certeza do céu, em contrapartida, aquelas que sofrem o castigo eterno do inferno sabem que nunca mais verão a Deus. Pense na dor e no desespero

“Mesmo que a alma tenha de se sujeitar, naquela passagem para o Céu, à purificação das últimas escórias, mediante o Purgatório, ela já está cheia de luz, de certeza, de alegria, porque sabe que pertence para sempre ao seu Deus.” – São João Paulo II.

(Alocução de 3 de julho de 1991; LR n. 27 de 7/7/91) 

LR = L’Osservatore Romano – Jornal ´diário da cidade do Vaticano

Todo pecado tem como resultado “dupla consequência”, o pecado mortal nos priva da comunhão com Deus e nos leva a morte espiritual, a chamada “pena eterna“.

“Porque o salário do pecado é a morte, enquanto o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” – Romanos, 6 – 23.

Igualmente, o pecado venial também exige de nós purificação, seja aqui na terra ou após a morte, pois gera em nós a chamada “pena temporal“, a Igreja dá o nome de purgatório a este estado de purificação da alma.

Pecado confessado é pecado esquecido!

Quando recebemos absolvição dos pecados pelas mãos do sacerdote as “penas eternas” são totalmente apagadas, de igual modo a culpa é apagada, porem restam ainda as marcas das penas temporais, que deverão ser purificada. (Cf. C.I.C 1473).

Os pecados absolvidos pelo sacerdote deixaram suas marcas e consequências, pois causam estragos para nós e para os outros.

Por exemplo, alguém que assassinou, a confissão tem o poder de apagar a culpa porem não as consequências do ato em si.

Jesus diz a Santa Faustina em seu diário no  1226:

Hoje traze-Me as almas que se encontram na prisão do Purgatório e mergulha-as no abismo da minha Misericórdia; que as torrentes do meu Sangue refresquem o seu ardor. Todas estas almas são muito amadas por Mim, pagam as dívidas à minha Justiça.

Está em teu alcance trazer-lhes alívio. Tira do tesouro da minha Igreja todas as indulgências e oferece-as por elas. Oh, se conhecesses o seu tormento, incessantemente oferecerias por elas as esmolas do espírito e pagarias as suas dívidas à minha Justiça.

Mas afinal, onde encontro na Bíblia?

Na bíblia não encontramos a palavra purgatório, no entanto encontramos o ensinamento sobre ele, já no Antigo Testamento podemos encontrar referências.

Vejamos II Macabeus, 12, 44:

“Pois, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles.”

Neste episódio Judas Macabeu faz uma coleta para oferecer sacrifício no templo pela expiação dos pecados dos mortos:

“43. Em seguida, organizou uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados. Belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição!”

Em São Mateus 5, 25-26:

“25.Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. 26.Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo.”

I Coríntios, 11-15:

“11.Quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo. 12.Agora, se alguém edifica sobre este fundamento, com ouro, ou com prata, ou com pedras preciosas, com madeira, ou com feno, ou com palha, 13.a obra de cada um aparecerá. 

O dia (do julgamento) irá demonstrá-lo. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. 14.Se a construção resistir, o cons­trutor receberá a recompensa. 15.Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo.”

Oração de Santa Gertrudes pela almas do purgatório
Em visão a santa, Jesus prometeu que salvaria mil almas do purgatório cada vez que esta oração fosse feita com fervor por alguém.

Eterno Pai, ofereço-Vos o Preciosíssimo Sangue de Vosso Divino Filho Jesus, em união com todas as Missas que hoje são celebradas em todo o mundo; por todas as santas almas do purgatório, pelos pecadores de todos os lugares, pelos pecadores de toda a Igreja, pelos de minha casa e de meus vizinhos. 

Amém.

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