Santidade, qual é o segredo?

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A santidade consiste em fazermos a vontade de Deus, abrindo mão daquilo que queremos para darmos espaço aquilo que O Bom Deus tem para nós. Nem sempre é fácil aceitarmos de bom grado, sobretudo quando o que Ele nos pede é contrário ao que desejamos.

A santidade consiste: primeiro, numa verdadeira renúncia de si mesmo; segundo, numa total mortificação das próprias paixões; terceiro, numa perfeita conformidade com a vontade de Deus

Santo Afonso Maria de Ligório

Por consequência do pecado original, a nossa natureza não gosta muito de ser contrariada, e por isso estamos mais inclinados a fazermos a nossa própria vontade que a Santa Vontade de Deus. O caminho para santidade é exatamente este processo de nos submetermos a vontade de Deus em tudo, nas grandes e nas pequenas coisas. Por isso que no Pai Nosso pedimos: “Seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu”, pois a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita, enquanto a nossa, nem tanto.

“2. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito. “

Romanos 12

Santa Catarina de Sena afirma que: “O que faz o homem sofrer é a vontade própria”, por isso é certo dizer que quando nós agimos por nossos impulsos e emoções colheremos frutos amargos como consequência. Já parou pra pensar que muitos dos nossos sofrimentos de hoje são por atitudes e escolhas não pensadas no passado?

Fazer o que Deus quer, e querer o que Deus faz!

Esta frase de Santo Afonso Maria de Ligório ilustra bem a visão dos santos sobre o que é santidade e fazer a vontade de Deus a todo custo.

Os santos entenderam que para agradar a Deus, vencer a carne, o mundo e o maligno é necessário se conformarem a Sua Santa Vontade, e esta é uma condição Divina pois não há santidade sem renuncia, pois se faço apenas o que quero certamente não farei o que Deus quer.

“O homem conformado à minha vontade é desapegado de si mesmo, vence o mundo, o demônio e a carne;

Santa Catarina de Sena

Ao olharmos para as Sagradas Escrituras vemos testemunhos de homens e mulheres que tiveram esta coragem heroica de se lançarem nos braços do Senhor e fazerem o que Deus quer, e ao mesmo tempo quererem o que Deus faz, precisamos ter esta mesma coragem, pois…

Nem todo aquele que Me diz: “Senhor! Senhor! – entrará no reino dos Céus, mas o que faz a vontade de meu Pai, que está no Céu.

São Mateus 7, 21

Veja a Santíssima Virgem Maria, ao receber a visita do Arcanjo não demorou em dizer: Fiat! (“-Eu sou a serva do Senhor; Faça-se em mim segundo a tua palavra” – LC 1,38), Ao ouvir qual era a vontade de Deus. Ela se rendeu de forma perfeita.

Nosso Senhor Jesus Cristo no Monte das Oliveiras disse: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha vontade, mas a tua seja feita!” LC 22,42).

“37.Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim não o lançarei fora. 38.Pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 39.Ora, esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia. 40.Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”.”

São João 6

Ensinai-me a fazer a Vossa Vontade (Sl 143, 10)

A santidade consiste, essencialmente, em dois esforços: o de conhecer a Vontade de Deus, e o de cumpri-la quando a conhecemos.

Deus não quer tirar-nos a vontade, mas quer uni-la á Sua para lhe dar toda a retidão, santidade e nobreza possível.”

Beata Elena Guerra

Os três graus da conformidade com a vontade de Deus:

Monsenhor Ascânio no Breviário da Confiança nos ensina que existem três graus para nos conformarmos a vontade de Deus.

No primeiro grau, a alma sofre com paciência; mas preferiria não sofrer. Não é isento de queixa, embora acompanhada sempre do bordão: Não pode ser!… Paciência! Deus assim quis! Seja feita a Vontade de Deus! Já é agradável a Nosso Senhor a alma assim resignada, mas ela se acha ainda na via do temor e da imperfeição.

No segundo grau, o sofrimento é acolhido como um hóspede do Céu, sendo reconhecido o seu valor e as vantagens que traz para o nosso adiantamento. Mas há ainda alguma queixa. A natureza não pode ainda dominar-se inteiramente. Entretanto, a alma se conserva em paz e bendiz a Mão Divina que a fere. Já se apresenta mais perfeita.

No terceiro grau é alcançado o ideal da perfeição, que consiste na santidade. Procura-se, ama-se o sofrimento. A alma se alegra porque sofre e pode dizer, como Santa Teresinha do Menino Jesus: “Sofro, porque não sofro.”

Por isso digamos com o salmista:

“9. fazer vossa vontade, meu Deus, é o que me agrada, porque vossa Lei está no íntimo de meu coração”. “

Salmos, 39

Mas como saber qual a vontade de Deus para mim?

Chiara Lubich, fundadora dos focolares, afirma que não é difícil saber qual é a vontade de Deus e nos indica o caminho:

É preciso ouvirmos bem dentro de nós uma voz delicada, a qual, muitas vezes, sufocamos, e que se torna quase imperceptível. Mas se a ouvirmos bem, é a voz de Deus. Ela diz-nos que aquele é o momento de estudar ou ajudar quem tem necessidade, de trabalhar, vencer uma tentação ou cumprir um dever de cristão, de cidadão. Convida-nos a dar atenção a alguém que nos fala em nome de Deus, ou a enfrentar com coragem situações difíceis. Temos que a ouvir. Não façamos calar essa voz, ela é o tesouro mais precioso que possuímos. Sigamo-la!

Após ouvirmos a voz de Deus, temos uma segunda etapa que é a de assumirmos com coragem, renuncia e decisão o que Ele nos pede. E por Graça de Deus avançarmos entregando o nosso nada a Ele que é tudo.

Por isso o dom do discernimento é muito importante para sabermos se tal inspiração vem realmente de Deus, na dúvida um bom sacerdote (confessor ou diretor espiritual) poderá auxiliar no discernimento, foi assim com muitos santos. Pois a vontade de Deus também está expressa na Palavra de Deus, na Sagrada Tradição e no Magistério da Igreja bem como na na vida dos santos, de forma que nenhuma “inspiração, moção, direcionamento que recebermos em nosso interior irá contra as verdades de fé.

“8.Mas, ainda que alguém – nós ou um anjo baixado do céu – vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema. 9.Repito aqui o que acabamos de dizer: se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado!”

Gálatas, 1

Salve Maria Imaculada!

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