Sofrimento e Purgatório, qual a relação?
Agora, trataremos sobre o sofrimento, afinal o que passam as almas daqueles que estão no purgatório, podemos de alguma forma ajudá-las?
Porém para responder a esta pergunta nada melhor que recorrermos aos santos e a doutrina.
Começando por Santa Catarina de Génova, sabe-se que os ensinamentos desta grande santa e mística da igreja nos renderam verdadeiros tesouros como o “Tratado do Purgatório” por exemplo. Embora não tenha sido escrito por suas próprias mãos retratam suas experiências místicas e ensinamentos.
“Há nas almas do purgatório um gozo imenso, parecido ao do céu, e uma dor imensa, semelhante ao do inferno; e um não impede o outro.”
Forte isso não é mesmo?
Assim também, Santo Agostinho, doutor da Igreja menciona: “Este fogo, supera quantas penas o homem padece nesta vida e quantas pode padecer.”
Da mesma forma São Gregório fala sobre este fogo: “aquele fogo transitório é mais intolerável que todas as tribulações deste mundo”.
E igualmente São Cesáreo de Arles:
“Dirá alguém: não importa deter-me algum tempo no purgatório, com tal que ao fim saia para a vida eterna.
Irmãos caríssimos, não digais isso; porque esse fogo do purgatório será mais duro que quantas penas se podem ver, sentir ou pensar”
E quanto a pena e o sofrimento…
De antemão percebemos que o purgatório não é algo simples ou suave de se passar, tanto na ideia de estado de purificação quanto na ideia de lugar, contudo esta muito claro que a purificação que alma será submetida é dolorosa, em alguns casos mais em outros “menos”.
Assim como no inferno, no purgatório padecem dois tipos de penas, sendo uma de dano e outra de sentido.
Nesse sentido, a pena de dano é carecer da visão de Deus, não entrar em sua glória, mesmo que temporariamente, e este é o maior sofrimento que nós poderemos passar, a possibilidade da ausência de Deus.
Do mesmo modo padecem uma segunda pena que é a de sentido, isto é, passam por aflições positivas e semelhantes às dores que padecemos. Porém, é difícil determinarmos de forma detalhada quais são tais penas, mas é possível percebermos que a questão do fogo é comum entre o relato dos santos.
Como “sufragar” o sofrimento das almas
De acordo com Santa Francisca Romana no “Tratado do Inferno” :
A Serva de Deus foi conduzida ao Purgatório, cuja distribuição é a mesma que a do inferno. Aproximando-se deste triste lugar, leu estas palavras escritas na porta: “Aqui é o Purgatório, lugar de esperança, onde as almas esperam a realização do seu desejo“. O Arcanjo São Rafael lhe mostrou as três partes desta morada; e eis o que ela viu:
Na parte mais baixa, arde um fogo que ilumina, nisso distinto daquele do inferno, que é escuro sem nenhuma claridade. Este fogo é muito ardente e de cor vermelha. É ai que são punidas as almas com dívidas com a justiça divina de penas temporais merecidas por causa de grandes pecados e o fogo as atormenta mais ou menos rigorosamente, segundo a qualidade e a quantidade das dívidas.
(Trecho do livro Tratado do Inferno, Santa Francisca Romana – 2ª Edição, São Caetano do Sul , SP – Editora Santa Cruz, 2019)
Dessa forma mesmo que a alma tenha a certeza do céu, o “percurso” até lá será penoso, de acordo com o “tempo” que alma passará, muitos santos nos revelam que mesmo durante esta purificação as almas recebem consolações do Altíssimo. A Sã Doutrina nos ensina que nós “Igreja Militante” podemos e devemos orar por aqueles que estão na “Igreja Padecente” que é o purgatório.
“Chamam-se sufrágios as orações e boas obras que os fiéis oferecem a Deus para que perdoe ás almas, parte ou toda a pena que tem que pagar.” – Tratado do Purgatório
De certo, podemos e devemos orar pelas santas almas do purgatório, mas também oferecer-lhes sufrágios através das indulgências (parcial ou plenária).
Em resumo, a indulgência plenária apaga por completo a pena de uma alma, nesse mês de novembro a Igreja nos dá a possibilidade lucrarmos indulgências plenárias e aplicarmos á uma alma por dia.
Aliás, deixarei aqui um link do Profº Felipe Aquino sobre o assunto.
Meios para evitar o purgatório
- Fugir do pecado
- Fazer penitencia pelos pecados passados
- Caridade com os defuntos
- Compaixão e emola aos pobres
- Perdoar generosamente as injúrias
- Ganhar indulgências
- Santa Missa (Eucaristia)
- Confissão Sacramental
- Devoção a Nossa Senhora
“Perdi meu tempo, esse tempo bem precioso do qual todos os momentos podiam servir para expiar meus pecados, praticar uma virtude, merecer o Céu: eu o perdi em conversações fúteis, em ocupações banais e sem objeto, em leituras recreativas demasiado prolongadas, é por isso que sofro!”
Concluímos que embora no purgatório tenhamos a certeza do céu, existe de fato um sofrimento que alma passará, mas é consolador sabermos que podemos aliviá-los de certa.
Contudo, já que as almas não podem orar por si mesmas, façamos nós por elas e não tenha dúvidas que quando elas estiverem na Glória de Deus também intercederão por nós diante Dele de uma forma especial.
Leia também: Purgatório, uma invenção da Igreja Católica?
Esclarecedor, tirou duvidas sobre o fato de ir direto para o céu. Apresentei a uma pessoa que acreditava em outra forma
Ótimo o conteúdo meu irmão, muito esclarecedor.